No cume de sua carreira, Maria Laura Tarnow não teve medo de parar: ela abdicou da posição de CEO da multinacional de cosméticos Estée Lauder Companies para cuidar de si mesma e ficar mais tempo perto dos filhos.
“Eu sempre trabalhei muito, desde muito nova”, contou a executiva, no Fórum CLAUDIA #EuTenhoDireito, que aconteceu no WTC, em São Paulo, nesta terça-feira (6), na semana do Dia da Mulher. “Sempre pensei: um dia, eu queria parar e ter um tempo só para mim”.
Embora criteriosamente planejada e apoiada pela família, a decisão não deixou de trazer qualquer frio na barriga. Mas o saldo foi positivo. “Não me arrependi e ainda recomendo”, disse ela.
Mais tarde, a executiva acabou sendo convidada a retornar à presidência da empresa, graças a dois fatores — um voluntário, e outro nem tanto.
Enquanto esteve fora da empresa, ela continuou alimentando seu networking e contou com “algumas pessoas sempre fiéis”, que facilitaram seu regresso. Mas do mesmo modo houve uma assistência do talvez: a pessoa que a substituiu decidiu desistir do cargo, deixando a cadera de CEO disponível para ela.
Histórias como a de Tarnow ainda agora são incomuns, e não só porque incluem um final feliz em a carreira da mulher quando ela realiza um movimento na direção da maternidade. O simples fato de ela ser CEO constitui uma exceção. Exclusivamente 8 em cada 100 profissionais de profundo escalão nas empresas do Brasil são do sexo feminino, segundo uma recente pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Dados do IBGC (Instituto brasileiro de Governança Corporativa) confirmam a desigualdade: as mulheres são exclusivamente 7,2% nos conselhos administrativos brasileiros.
O resultado dessa carência de exemplos femininos em posições de comando acaba por dissolver a confiança de muitas profissionais e desestimular suas ambições de ocupar os cargos mais altos das companhias. Também entrevistada no Fórum CLAUDIA #EuTenhoDireito, a presidente da LATAM, Claudia Sender, diz que as mulheres sofrem a chamada “curva do desânimo”.
Segundo ela, um estudo sobre o fenômeno mostra que as mulheres são mais ambiciosas que os homens na juventude. Ainda dois anos depois da graduação, 43% delas aspiram a cargos de acrescente liderança, contra 34% deles. Ao longo do tempo, não obstante, o grau de aflição delas pelo comando despenca 60%, enquanto a dos seus pares masculinos permanece igual.
“É a carência, em muitas indústrias, de um exemplo: uma mulher lá em cima que a gente olhe e fale ‘poxa, ela chegou lá, eu do mesmo modo posso’, disse Sender.
Ela acredita que as cobranças excessivas dentro e fora de casa acabam por sufocar a autoconfiança feminina. “A gente frequentemente se pega acreditando que não está conseguindo entregar muito em nenhuma das dimensões”, concluiu a executiva. A parceria do marido foi decisiva.
Do ponto de vista da gestão, Sender explica para seus gestores a importância da inclusão. “Um time diverso traz as melhores ideias”. E isso não fica só no discurso: em qualquer processo seletivo em cargos de liderança, ela exige que haja mulheres na lista de finalistas.
Fonte: https://exame.abril.com.br/carreira/ela-deixou-o-emprego-para-cuidar-dos-filhos-e-voltou-como-ceo/
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